JUL 2018
Projeto desenvolvido durante a disciplina DSG1005 - Projeto Avançado: Produção e Distribuição do curso de Design da PUC-Rio.
Com a participação de Joyce Soares, Amanda Canarim e Fernanda Soares, sob orientação de Claudio Werneck e João Alegria.
Entender a música como objeto cultural que acompanha e retrata diferentes movimentos sociais foi o ponto norteador da concepção desse projeto. Através de pesquisas de dados e campo (com entrevistas semi-estruturadas), buscamos entender como jovens de 16 a 36 anos de diferentes contextos (de classe, raça e gênero) consumiam música individual e coletivamente. Dentre os muito gêneros, o funk nos chamou a atenção na diversidade de opinião entre os ouvintes e capacidade de fomentar a discussão de questões sociais para além da música.
Mídias mais usadas entre os entrevistados para ouvir funk, Vídeos e Posdcasts, nas plataformas Youtube e Soundcloud.
Numa segunda fase de pesquisa, acompanhamos e observamos jovens mais próximos da realidade da qual o funk é produto: as periferias do Rio de Janeiro. Dentre esses stakeholders, havia djs, produtores, cineastas e consumidores da cultura do funk, o baile, as músicas e as mídias. Cruzando dados coletados e o conteúdo das conversas, percebemos que haviam dois grupos com padrões parecidos de raça, gênero, origem, ocupação e/ou escolaridade: Os que gostam muito de ouvir funk, sendo pessoas em sua maioria jovens periféricos, negros e negras. E os que gostam de funk mas não gostavam do conteúdo das letras, em sua maioria, jovens brancos de regiões sem conflito direto com tráfico.


Durante as entrevistas, algumas falas foram muito importantes para elucidar essa dicotomia. Uma em especial, do geógrafo, dj e produtor da festa Batekoo do Rio, Daniel Oliveira, que ressalta as diferentes vivências das quais um estado desigual e fragmentado como o Rio possui, e que exatamente por isso, causa um distanciamento e dificuldade de identificação a quem não conhece a periferia. “O funk é uma crônica muito próxima da realidade do favelado", ele explica.
Tomamos como desafio a missão de criar pontes entre essas realidades tão distintas. Para além dos dados que os separavam, uma coisa em comum os uniam: o audiovisual como principal mídia de consumo de funk entre os participantes. Nasce assim, o Tchum Tcha. Uma plataforma de conteúdo para discutir questões sociais através do funk. Feito e protagonizado por jovens periféricos, mapeando e popularizando a cultura dos bailes de comunidade no Rio de Janeiro.

Telas da plataforma Tchum-Tcha.
Com três programas em vídeos idealizados conceitual e tecnicamente, o projeto utiliza da estética brutalista da web para dar forma à página, inspirando-se também na experimentação gráfica dos CDs de funk da década de 1990. Sintético, o website conta apenas com o mapa dos bailes, o player para o conteúdo audiovisual e a apresentação do projeto.
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